Websérie brasileira mistura amor real, humor espontâneo e cenários icônicos da cidade maravilhosa
Eu e minha namorada ou Me and My Girlfriend – Romance L é uma websérie brasileira que aposta na força do amor real para construir uma narrativa leve, envolvente e profundamente representativa. Criada e dirigida por Alexandre Cobra, a produção acompanha a jornada de Duda e Isa, um casal lésbico que decide registrar sua relação enquanto percorre alguns dos lugares mais simbólicos do Rio de Janeiro, em uma experiência audiovisual que transita entre o vlog, o docudrama e o romance cinematográfico.
Gravada integralmente na capital fluminense, a websérie tem como ponto de partida a simplicidade: uma câmera, um casal apaixonado, um amigo sem limites e uma cidade que respira encontros. A partir dessa combinação, Eu e minha namorada constrói uma narrativa que fala sobre afeto, amizade, liberdade e pertencimento, sem recorrer a fórmulas prontas ou discursos didáticos.
Um romance vivido diante da câmera
Desde o primeiro episódio, o público é convidado a entrar na intimidade de Duda, interpretada por Luana Soares, e Isa, vivida por Carolina Miranda. Diferente de personagens ficcionais, elas se apresentam como são, com suas risadas espontâneas, olhares cúmplices e gestos de carinho que surgem naturalmente ao longo da convivência.
A presença constante da câmera não cria barreiras; pelo contrário, ela se transforma em parte da relação. Quem assume grande parte das gravações é Adolfinho, o melhor amigo do casal, interpretado por Gabriel Fergga. Ele registra tudo sem filtro, sem limite e sem medo do improviso, adicionando humor e leveza à narrativa.
“A proposta sempre foi registrar o amor como ele acontece, sem ensaio excessivo ou artificialidade”, afirma Alexandre Cobra, criador, roteirista e diretor da websérie. “A câmera acompanha, observa e participa, como se fosse mais uma pessoa dentro da relação”.
Essa escolha confere autenticidade à série e aproxima o espectador da história, criando a sensação de estar caminhando ao lado do casal pela cidade.
A cidade como extensão da história
O Rio de Janeiro não serve apenas como pano de fundo em Eu e minha namorada. A cidade é parte ativa da narrativa, influenciando o ritmo, o clima e as emoções de cada episódio. A temporada tem início na Floresta da Tijuca, onde o trio inaugura o projeto em meio a trilhas, verde intenso e promessas de registrar cada momento da relação.
Entre beijos tímidos e conversas descontraídas, o casal estabelece o tom da série: intimista, afetuoso e espontâneo. A natureza ao redor reforça a ideia de começo, de descoberta e de entrega ao momento presente.
No Parque Lage, a narrativa ganha um ar mais romântico e cinematográfico. A arquitetura histórica e os jardins se tornam cenário para cenas que equilibram realidade e estética cuidadosamente pensada. É nesse ponto que a série começa a brincar de forma mais evidente com a linguagem híbrida entre documentário e romance.
Ipanema, diversidade e liberdade
A passagem pela Farme de Amoedo, em Ipanema, marca um momento importante da websérie. Conhecida como um dos principais pontos de encontro da comunidade LGBTQIAPN+ no Rio, a região surge como espaço de celebração, diversidade e pertencimento. Duda e Isa circulam pela feirinha, trocam carinhos em público e interagem com o ambiente de forma natural, reforçando a proposta de visibilidade sem discursos forçados.
O Posto 8, também em Ipanema, aparece como cenário de um dia ensolarado, com clima de verão, pés na areia e conversas leves. A praia funciona como espaço de liberdade, onde o casal se permite existir plenamente, sem restrições, vivendo o afeto de forma aberta.
Esses momentos ajudam a construir uma imagem positiva e cotidiana de um casal lésbico, distante de estereótipos ou narrativas de sofrimento, apostando na normalização do amor em espaços públicos.
Sabores, tentativas e imprevistos
O episódio gravado no Zazá Bistrô Tropical, em Ipanema, traz um tom mais intimista à narrativa. O ambiente acolhedor, a música e a gastronomia ajudam a criar um clima de proximidade, onde olhares, silêncios e pequenos gestos ganham destaque. É um dos momentos em que a série desacelera para observar a conexão entre Duda e Isa de forma mais profunda.
Já a tentativa frustrada de subir a trilha do Bondinho adiciona humor e humanidade à história. O plano não dá certo, mas o fracasso vira conteúdo, reforçando a ideia de que nem tudo precisa sair como esperado para ser significativo. O improviso se transforma em narrativa, e o riso surge como elemento fundamental da relação.
O desfecho acontece na Urca, com o pôr do sol na famosa mureta. Entre música, empadinhas e cerveja gelada, a série entrega uma de suas cenas mais românticas. Isa e Duda trocam beijos apaixonados enquanto o céu muda de cor, encerrando a temporada com uma declaração visual de amor, liberdade e cumplicidade.
Encontros que não estavam no roteiro
Um dos aspectos mais interessantes de Eu e minha namorada é a abertura para o inesperado. Durante as gravações, a turista argentina Daisi Gonzalez surge de forma espontânea e acaba participando da websérie. Sua presença não foi planejada, mas se encaixa perfeitamente na proposta de improviso e relação direta com a cidade.
Essa escolha reforça o caráter documental da produção e evidencia a disposição da equipe em abraçar o acaso como parte da narrativa. O Rio, com sua energia vibrante e imprevisível, se manifesta não apenas nos cenários, mas também nos encontros.
Estética sensível e trilha original
Visualmente, a websérie aposta em uma fotografia naturalista, assinada por Pedro Viking, que valoriza a luz do Rio de Janeiro e os detalhes do cotidiano. A direção de arte de Carolina Miranda e Luana Soares contribui para uma estética simples, sem excessos, permitindo que os sentimentos ocupem o centro da cena.
A trilha sonora original, composta por Lana Roxy, nome artístico de Luana Soares, acompanha o ritmo da narrativa com delicadeza. As músicas dialogam com as emoções das personagens, sem se sobrepor às imagens, criando uma atmosfera envolvente e afetiva.
O trabalho de som, com captação, design e mixagem de Julio Cesar Fernandes, reforça a sensação de proximidade, enquanto a edição e a colorização, assinadas por Alexandre Cobra, mantêm um ritmo orgânico e coerente com a proposta da série.
Representatividade como vivência
Mais do que uma websérie romântica, Eu e minha namorada se apresenta como uma celebração do amor entre duas mulheres. A representatividade LGBTQIAPN+ surge de forma natural, integrada ao cotidiano das personagens, sem discursos explicativos ou conflitos artificiais centrados exclusivamente na sexualidade.
A série fala sobre estar junto, dividir momentos, errar, rir e se apaixonar todos os dias. Ao mostrar um casal lésbico vivendo sua relação de forma leve e pública, a produção amplia referências positivas dentro do audiovisual brasileiro e contribui para a normalização de diferentes formas de amar.
“Não queríamos ensinar nada, apenas mostrar”, resume Alexandre Cobra. “Mostrar que o amor delas existe, é bonito e merece ser visto”.
Uma produção independente e autoral
Produzida pela Manaim Produções Artísticas LTDA, com produção executiva de Elon Fortunato, Eu e minha namorada é fruto de um trabalho independente e colaborativo. A produção de campo ficou a cargo de Gabriel Fergga, que também atua em cena, reforçando a integração entre equipe e narrativa.
O elenco conta ainda com participações especiais de Adriana Albuquerque, no papel de Clara, e de Daisi Gonzalez, interpretando a si mesma. Com classificação indicativa sugerida de 12 anos, a websérie se posiciona como um conteúdo acessível, leve e emocionalmente envolvente.
Ao final, Eu e minha namorada se consolida como uma obra vibrante, romântica, engraçada e inclusiva, feita para quem ama histórias reais, para quem ama o Rio de Janeiro e, principalmente, para quem acredita que todo amor merece ser registrado.













