Com sonoridade melancólica e lirismo intenso, artista pernambucano ressignifica a dor de um amor perdido em nova faixa
O cantor e compositor pernambucano Dichavai, nome artístico de João Havaí, acaba de lançar “Entardeceu”, sua nova música autoral. A canção mergulha profundamente nas sensações de perda, solidão e saudade, revelando uma das faces mais sensíveis do artista, conhecido por unir elementos da cultura nordestina a uma estética contemporânea e global.

Com uma letra marcada por um lirismo melancólico, “Entardeceu” trata do fim de um amor que deixou cicatrizes e memórias tão vívidas que o tempo parece perder o sentido. “Entardeceu e eu nem notei o tempo passar” é o verso que se repete ao longo da faixa, funcionando como um refrão emocional que sublinha o estado de torpor e suspensão vivido pelo eu lírico.
A música traz uma sonoridade que flerta com o blues, gênero conhecido por sua carga emocional intensa. Essa escolha não é aleatória: o blues funciona como pano de fundo perfeito para as lembranças que assombram o protagonista da canção – o toque, o cheiro, a voz de quem se foi. É uma produção que caminha de mãos dadas com a letra, equilibrando melodia e sentimento em uma composição que prima pela autenticidade.
“Entardeceu” é mais do que uma canção sobre o término de um relacionamento. É um mergulho sem filtros na alma de quem ficou, tentando dar sentido ao vazio. A poesia das palavras e a atmosfera sonora se encontram para formar uma obra que toca pela verdade e vulnerabilidade.
Natural de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, Dichavai é um nome que vem ganhando destaque na cena musical independente por sua proposta original e ousada. Transitando entre diversos estilos – do Blues ao R&B, passando pelo Trap, Deep House e os ritmos tradicionais do Nordeste como o Maracatu – o artista propõe uma fusão criativa que busca globalizar as raízes culturais nordestinas.
Essa versatilidade já apareceu em “Guaiamum”, seu single anterior, que marcou o início de uma nova fase de sua carreira. A faixa, lançada há poucos meses, alcançou 80 mil plays em apenas três semanas, mostrando a força de sua presença nas plataformas digitais e o crescente interesse do público por sua proposta artística.

Mas mais do que números, Dichavai carrega um propósito artístico claro: dar voz às margens, refletir sobre a identidade cultural e utilizar a arte como instrumento de resistência. Inspirado pelo manguebeat – movimento musical e cultural surgido no Recife nos anos 1990 – ele cunhou o termo “Neomangue” para definir a onda atual que representa: uma nova geração de artistas que, como ele, emerge da lama da desigualdade social para dialogar com o mundo.
“A música é meu meio de dizer o que precisa ser dito, mas também de curar o que precisa ser sentido”, já afirmou o artista em entrevistas anteriores. E “Entardeceu” cumpre exatamente esse papel: é ao mesmo tempo denúncia e desabafo, lamento e libertação.
A estética do clipe que acompanha a faixa segue a linha intimista da música, com imagens que evocam o entardecer como metáfora para o fim, a transição, o recomeço. Com uma direção artística apurada, o vídeo dialoga com a proposta sonora e reforça a narrativa emocional da obra.
Dichavai não apenas canta sobre o passado: ele o ressignifica. Sua arte é um constante processo de transformação, onde dor vira poesia, e a saudade, combustível criativo. “Entardeceu” é mais uma prova da força simbólica e emocional de sua música – e mais um passo firme na consolidação de sua trajetória como um dos nomes mais originais e inquietos da nova música brasileira.

A faixa já está disponível em todas as plataformas digitais.