Rapper foi levado à delegacia após abordagem policial na Barra da Tijuca
O rapper carioca Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, lançou seu primeiro álbum, Liberdade, cercado de polêmicas e rumores. O artista, que completa 23 anos no dia 1º de março, utiliza suas letras para se defender de críticas e reafirmar sua identidade no rap nacional. No entanto, o lançamento do disco coincidiu com um episódio inesperado: a detenção do cantor na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na última quinta-feira (20/2).
Segundo relatório da Polícia Militar, Oruam estava no banco do carona de um veículo branco que realizava manobras perigosas na Avenida do Pepê, na orla da Barra. A abordagem policial resultou em sua condução para a 16ª Delegacia de Polícia (16ª DP), gerando um tumulto que exigiu apoio do programa Barra Presente, um reforço de segurança da região que conta com policiais militares, civis e assistentes sociais.
O caso gerou ainda mais burburinho nas redes sociais, com especulações de que a situação teria sido provocada como parte de uma estratégia de marketing para impulsionar o lançamento de Liberdade.
‘Liberdade’: um álbum de resposta às críticas
O lançamento de Liberdade já estava sendo acompanhado de debates acalorados antes mesmo da detenção de Oruam. O título da obra, assim como suas faixas, remetem diretamente às discussões sobre censura na música e ao histórico do rapper.
O álbum inclui a faixa Lei Anti Oruam, uma referência ao projeto de lei apresentado em 23 de janeiro pela vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil-SP). A proposta busca proibir a contratação de artistas com dinheiro público caso suas músicas promovam apologia ao crime ou ao uso de drogas. O nome da faixa e a temática do álbum sugerem uma resposta direta do rapper à tentativa de cerceamento de sua arte.
Outra canção que sintetiza o tom do projeto é Madrugada é solidão, parceria com Poze do Rodo. A música aborda temas como a realidade da periferia, a solidão e a resiliência diante da criminalização de sua figura pública.
Oruam e a polêmica em torno de sua imagem
A trajetória de Oruam no rap é frequentemente associada à sua origem. Filho de Marcinho VP, chefe da facção criminosa Comando Vermelho, o rapper carrega essa ligação no imaginário popular. Além disso, possui tatuagens em homenagem ao pai e ao traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes. Essas referências alimentam o debate sobre até que ponto sua arte se confunde com sua história pessoal e como isso afeta sua recepção pelo público e pela mídia.
A foto promocional de Liberdade, que mostra o rapper aparentemente algemado dentro de um carro, também foi interpretada por alguns como uma jogada de marketing para reforçar o conceito do álbum. Com a recente detenção na Barra da Tijuca, os rumores de que o episódio poderia ser parte de uma estratégia aumentaram, embora não haja provas concretas dessa teoria.
O impacto do caso na carreira do rapper
O episódio da detenção de Oruam acontece em um momento-chave de sua trajetória, quando o artista busca consolidar sua posição no rap nacional. Com a repercussão do caso, ele se vê mais uma vez no centro de um debate sobre os limites entre a arte e a apologia ao crime.
Se a polêmica impulsionará o sucesso de Liberdade ou trará dificuldades para sua carreira, ainda é cedo para dizer. Mas uma coisa é certa: o nome de Oruam segue em alta, seja pelo impacto de sua música, seja pelos acontecimentos que o cercam fora dos palcos.
A reportagem segue acompanhando os desdobramentos do caso.